Vítor Gonçalves, o jornalista, enfatiza - ou diz de uma forma que acho graça, motivo pelo qual não sei explicar - hospital Bellevue, a unidade prisional. Repete-o várias vezes. E a palavra "Bellevue" fica a ecoar-me cá dentro. Chego à música dos GNR, escrita em 1986. Curiosamente para um álbum chamado "Psicopátria".
Mas seria só aqui que estavam as coincidências?
Comecei a ouvi-la.
E fui pesquisar a letra.
"leve levemente como quem chama por mim"Os sublinhados são meus. Tirem as vossas conclusões, se acharem que é uma interpretação muito exagerada da minha parte.
Fundido na bruma no nevoeiro sem fim
Uma ideia brilhante cintila no escuro
Um odor a tensão do medo puro
Salto o muro, cuidado com o cão
Vejo onde ponho o pé, iço-me a mão
Encosto ao vidro um anel de brilhantes
É de fancaria a fingir diamantes
Salto a janela com muita atenção
Ponho-me à escuta, bate-me o coração
Sabem que me escondo na Bellevue
Ninguém comparece ao meu rendez-vous
Porta atrás porta pelo corredor
O foco de luz no ultimo estertor
No espelho um esgar, um sorriso cruel
Atrás da ultima porta a cama de dossel
Salto para cima experimento o colchão
Onde era sangue é só solidão
Os meus amigos enterrados no jardim
E agora mais ninguém confia em mim
Era só para brincar ao cinema negro
Os corpos no lago eram de gente no desemprego
Renato Seabra, não me tires o sono com um saca-rolhas.
1 comentário:
Uns visionários
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