terça-feira, 9 de novembro de 2010

Torstraße, 6/11/2010

Ali, à porta do turco dos falafel. Discutem olhos nos olhos.
Ele - Tu dizes que que o meu problema pode ser a minha insegurança. Mas não é esse o meu problema. Eu tenho um problema de comunicação. Aliás, nós temos um problema de comunicação - lança a confusão enquanto dá mais uma trinca no cozinhado otomano, sem tirar os olhos dos dela, que está de pé, com as pernas cruzadas. Ela responde com alitvez:
- Posso falar? Obrigado, ó cabrão! Sabes que eu percebo tudo o que tu dizes... Se eu não sei funcionar contigo, agradeço que mo digas!
E pousa a mala na mesa do restaurante turco.
- Espera - diz ele - Deixa-me dizer mais uma coisa - e volta a trincar o falafel:
Julgas que eu não sou sensível naquelas coisas que toda a gente é. Julgas que tudo me passa ao lado. Mas não passa... tu não me ouves.
- Eu não te ouço?!
- Se calhar não. Tens de te calar e ouvir o que eu digo! Quando eu te digo que tenho um problema, tens de me perguntar o que eu tenho! - pede ele.
Ela suspira e pede a palavra.
- Tu és tudo o que eu quero e tenho medo de te perder - responde.
Perante a tentativa de interpelação dele, de abraço, de uma carícia, ela volta a sobrepor a voz:
- Agora falo eu!! Acredito e percebo tudo o que dizes. Mas eu não sou uma criança. E tu às vezes fazes-me sentir uma miúda...
Já não há falafel. Não se chega a nenhuma conclusão. Fica tudo na mesma, ou não? Ele e ela abraçam-se e seguem Torstraße abaixo, em direção à Rosenthaler Platz.

Sentado na cadeira da fria esplanada turca, as colunas do mp3 começam a tocar. E outro casal agradece o som enquanto dançam para espantar o quente frio berlinense.

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