quarta-feira, 30 de junho de 2010

"Sckam!"

Numa casa tão pequena e ao fim de quase três anos, ainda consigo descobrir coisas novas. Não são cantos nem espaços onde guardo qualquer coisa. Não é isso. São imagens que me entram pela janela da cozinha. São flashes, puros. O sol que reflecte em alguma coisa de vidro, metal ou apenas algo reflexivo, que está lá fora e que faz com que a luz seja disparada de rompante pela sala. É algo que me faz pular, ficar irrequieto. Que me acende o corpo. Algo que me perturba, que me faz fechar os olhos e proteger a cara.

Nunca vou ver o que é.

É nessas alturas que me lembro o quanto eu detesto flashes. Esses pedaços de tempo, esses segundos desnecessários. Não preciso deles. Sempre gostei de fotografar sem flash, que acho que só distorce a realidade, só estraga a luz que vemos na realidade. Prefiro ficar na escuridão e não fotografar do que ficar com tudo rebentado. E os flash rebentam-me. Pelo menos a mim. Distorcem a realidade daquilo que sou, daquilo que vejo. Iluminam-me a lucidez apenas por um nanosegundo e tornam-na um tanto ou quanto disléxica. E estragam-me a fotografia, a captura do momento. A recolha do meu, e só meu, instante. Detesto flashes.

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