E depois há aqueles pais que estão no café.
São aqueles pais que são maçados pelos filhos a torto e a direito. Aqueles filhos que pedem chupas coloridos com brilhantes por cima, que ao início são muito picantes ou amargos (nunca consegui distinguir muito bem) e depois se tornam agradavelmente doces, como se tivessem aberto uma mangueira para cima de nós de forma a apagar o fogo que nos foi criado na língua. Pedem "Quindéres Supresas" e outros chocolates adventistas. Querem batatas fritas, mas na hora da verdade acabam por mudar de opinião e pedir antes um gelado.
Miúdos que fazem birra. Que batem o pé. Que gritam.
Vêm os pais que lhes dão três ou quatro nalgadas, pelo meio dobram o braço de forma a acertar com a parte mais proeminente do cotovelo no alto da cabeça da criança. "Cala-te! Não te dou chocolate nenhum!". Pam Pam Pam. A criança fica a chorar.
É aí que surge a personagem mãe. Aquela personagem mãe. De cabelo apanhado, calça de ganga que nota-se que já expirou o período de validade. Ou então comprou há pouco tempo na feira da Venteira e ela julga que está muito na moda. É a mãe que fuma, a olhar para o lado. Que aponta o cigarro para longe da sua criança e manda para cima das crianças dos outros. A criança dela chora de forma copiosa porque, recorde-se, levou um enxerto de porrada do pai no café - pai esse, que , recorde-se, tem sempre muita capacidade física - e doeu-lhe, vá.
A personagem mãe vira-se para a criança e diz: "Vá, pronto."
Pergunto eu: "Vá, pronto"? Se até a mim me doia. "Vá, pronto".
terça-feira, 18 de setembro de 2007
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1 comentário:
Isso até parece cena do café por baixo da tua casa...
Xiça! Até me arrepia.
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