E depois há aquele rapaz calmeirão. O chamado "negão" que vai ao ginásio e apresenta-se com bom estilo no bar. Como se fosse de Harlem: camisola de alças, carapinha despenteada, óculos escuros à Top Gun espelhados. Não é daqueles tipos que se acham os melhores do mundo e estão sempre dispostos a arranjar bulha. Não. Este usava All Star. Boa onda. A curtir o som dele, do alto do metro e noventa e dos 120 quilos que possuia. Esteve sempre sentado a curtir o reggae que vinha do palco. O pedal "wah wah" estava a fazê-lo vibrar, mas sempre de forma muito cool. Como se fosse Barry White: "Yeah! Uhhhhhh! Huuum". Era assim que ele estava, enquanto fumava mais um cigarro.
Mas do alto do palco, fizeram-lhe uma maldade que o irritou. Soaram os primeiros famosos acordes e arranjos que que Bob Marley fez para a sua guitarra. O dedilhado. "Teu néu néu néu néu... I remember...". É aí que este mano, que se morasse no Harlem chamar-se-ia "Big E", levanta-se com o copo de cerveja na mão e vai até à beira do palco, onde só está um rapaz da linha que, por acaso, apareceu hoje naquele bar. E que gosta muito de reggae, porque é boa onda e dá uma boa vibe e transmite um alto feeling. Ficam os dois frente à banda. O "Big E", sem se mexer, baixa a cabeça. O rapazola da linha dança proficuamente. Dança mais que toda a gente. Dança por toda a gente. O matulão, do alto do seu metro e noventa mete a mão na cabeça e cambaleia. Juro que o vi meter a mão por baixo das lentes dos óculos espelhados. A cerveja era bebida com dor, mas a ser mais precisa que nunca. Aquele calmeirão, do alto do seu metro e noventa, estava a cantar "No Woman No Cry", com o coração despedaçado, com a vida feita numa miséria. Com saudades de muitas coisas, de bons momentos, de muitos risos, de abraços. Foi por isso que ele chorava. "I miss the cuddles man!", justificar-se-ia "Big E", lá no Harlem. Os outros amigos iriam rir-se e gozar com ele: "Shiiiiiiiiiiiiiiiit, nigga! Aahaha! Are you a fuckin' faggot?" E continuava tudo a beber cerveja e a rir.
E eu que nem gosto dessa música...
sexta-feira, 31 de agosto de 2007
quinta-feira, 30 de agosto de 2007
Em tempos diferentes
Publicada por Bruno à(s) 09:59 0 comentáriosterça-feira, 28 de agosto de 2007
Para quem diz que o Herman já está acabado...
Publicada por Bruno à(s) 22:04 2 comentários... revejam os vossos parâmetros.
Enxoval - II
Publicada por Bruno à(s) 20:30 1 comentários
- Duas caixas, cada uma delas com quatro garfos, quatro facas, quatro colheres de sopa, quatro de sobremesa. A mãe diz que têm imenso prestígio e parece que está a querer partir de propósito os que tem cá em casa para adquirir uns idênticos. Passo pela cozinha e vejo-a a atirar garfos ao chão com violência e a pisá-los com os chinelos.
- Um cinzeiro tunisino
- Um fondue de chocolate
- Um kit de pequeno almoço composto por tijela e caneca
- Seis cheques de valor considerável que faz com que a habitação seja minha provisoriamente durante um período de seis meses. Mais sessenta dias (no máximo) e já ninguém ma tira. Pelo menos enquanto for pagando a mensalidade ao banco. Está tudo a andar, sobretudo o dinheiro para fora da minha conta...
- Um cinzeiro tunisino
- Um fondue de chocolate
- Um kit de pequeno almoço composto por tijela e caneca
- Seis cheques de valor considerável que faz com que a habitação seja minha provisoriamente durante um período de seis meses. Mais sessenta dias (no máximo) e já ninguém ma tira. Pelo menos enquanto for pagando a mensalidade ao banco. Está tudo a andar, sobretudo o dinheiro para fora da minha conta...
quinta-feira, 23 de agosto de 2007
Coisas que nos fazem arrepiar
Publicada por Bruno à(s) 00:49 1 comentários
Há coisas que nos fazem alterar um dia. Hoje acordei e foi isto. Tão simples: duas vozes e uma melodia. E passei o meu dia todo a assobiar isto. A lembrar-me de nada. Acho impressionante a forma como esta acústica desperta em mim memórias. É uma música em câmara lenta que provoca muitas sensações, todas elas inexplicáveis, todas elas deliciosas: arrepios, tristeza, poder, força, garra, lágrimas, saudade, amor. Paixão não, mas não percebo o motivo.
Gosto de quando isso acontece. Quando algo em nós é despertado e ficamos sem saber os motivos. Chama-se a isso viver. Apenas viver. É o verdadeiro sentimento, o estado mais puro da sensação.
Na altura eram miúdos. Mas esta música é das coisas mais belas que já ouvi. Das canções mais perfeitas já compostas, que mais reacções químicas provocaram em mim. Hoje não a conseguiriam compor. Já estavam muito "twisted" para escrever e trabalhar o tema "Echoes". Nesta altura é que há a preocupação de tomar atenção e analisar todo e qualquer detalhe. É o lapidar da personagem que todos os dias vestimos.
Acho que vou dormir.
Gosto de quando isso acontece. Quando algo em nós é despertado e ficamos sem saber os motivos. Chama-se a isso viver. Apenas viver. É o verdadeiro sentimento, o estado mais puro da sensação.
Na altura eram miúdos. Mas esta música é das coisas mais belas que já ouvi. Das canções mais perfeitas já compostas, que mais reacções químicas provocaram em mim. Hoje não a conseguiriam compor. Já estavam muito "twisted" para escrever e trabalhar o tema "Echoes". Nesta altura é que há a preocupação de tomar atenção e analisar todo e qualquer detalhe. É o lapidar da personagem que todos os dias vestimos.
Acho que vou dormir.
terça-feira, 14 de agosto de 2007
segunda-feira, 13 de agosto de 2007
Enxoval
Publicada por Bruno à(s) 20:08 1 comentários
- 8 pratos rasos
- 8 pratos de sopa
- 8 pratos de sobremesa
- 1 bule de chá
- 8 canecas
- 8 copos de sumo
Está feita a primeira aquisição. Neste caso, oferta
- 8 pratos de sopa
- 8 pratos de sobremesa
- 1 bule de chá
- 8 canecas
- 8 copos de sumo
Está feita a primeira aquisição. Neste caso, oferta
domingo, 12 de agosto de 2007
O meu capitão
Publicada por Bruno à(s) 06:43 2 comentáriosterça-feira, 7 de agosto de 2007
Subscrever:
Mensagens (Atom)